assim

ela andava calmamente pela rua como se pensasse antes de colocar um pé na frente do outro. o seu olhar estava concentrado nas pedrinhas que ia deixando para trás, e seu ser estava longe, bem longe dali. ela estava decidida a mudar de vida, queria uma idéia para poder se safar de todas as outras idéias que a perseguiam dia-e-noite, sem trégua, sem pena. as suas roupas coloridas contrastavam com a sua vida que agora não tinha nem forma e nem cor, vazia. a estação do ano não sabia, mas o dia estava quente, o sol brilhava bonito e as suas lembranças eram frias, escuras. ela sentia remorsos, talvez. poderia ter sido diferente, mas foi daquele jeito, ela não queria pensar mais nisso. alguma coisa dentro dela insistia. o que seria? e a cada passo se tornava mais impossível, seu ser estava sufocado, suas forças não eram mais as mesmas, suas dores eram intensas, a amargura estava lá e para sempre.