depois de dias nublados e completos de frieza e solidão, ele decidiu visitá-la. tinha nós na garganta, que não seriam desfeitos enquanto ele não voltasse lá e dissesse todas aquelas verdades que engoliu por pena. naquela ocasião, não queria fazê-la sofrer, não queria vê-la afundada mais profudamente naquela lama que ela se encontrava.
ele imaginou que com o passar do tempo, tudo voltaria ao normal, imaginou que o tormento dos dias que passou ao lado dela, seria esquecido. não foi. a poça da miséria sempre cabe mais gente do que calculamos, e ele estava lá, também sem poder enxergar os seus próprios pés, também na lama. juntos, novamente.
evitando a pena, não conseguiu fugir da culpa. afinal ele não tinha dito tudo, ele não tinha falado nada. ela, coitada, não tinha entendido - no fundo o autor reconhece a sua obra.
depois dos dias nublados, ele decidiu visitá-la. colocou o seu melhor terno, aquele, preto, que havia usado no enterro do seu avô. vestiu-se combinando, sapatos, gravata, situação. pegou o trem e seguiu pelas ruas familiares, que traziam uma saudade, seguida de náuseas de ódio. os pombos na praça, o vendedor de sorvetes, o vendedor de balões, as pipas no céu e os menininhos correndo e pulando alegres, tentou se lembrar da última vez que havia estado assim, não pode, tentou então se lembrar do último sorriso, impossível. memória curta, lembranças distantes. forçou os lábios, tentou um risinho, quase, no meio do caminho se fechou, as forças eram insuficientes, a dor não permitia.
chegou ao prédio que fora o seu lar durante noites e dias mágicos, noites e dias mestres em sair de algum lugar da mente quando ele menos esperava, noites e dias que tinham prazer em atormentá-lo, enlouquecê-lo. subiu as escadas, tocou a campainha. o tempo parou. afrouxou a gravata. calor. agônia. deu as costas para descer as escadas e ir embora dali para sempre, quando alguém abriu a porta. ele parou, virou. uma mulher de cabelos compridos, olhos bem verdes, tinha algum mistério naquele olhar, esguia, alta, sorriu:
- posso ajudá-lo?
nada. ele não conseguia emitir uma só palavra. ela limitou-se a continuar sorrindo. depois de algum tempo, como se as palavras clamassem por liberdade:
- Bella, está?
não era ela.
- não, meu senhor. Bella mudou-se para outra cidade à quase dois meses. tinha um namorado, estavam bem felizes e queriam uma vida nova, uma cidade nova, por isso a decisão.
ela foi sem dar-lhe a chance de dizer tudo o que ele sentia. bobo. foi traído, trocado, e ainda censurado. fraco. tiraram a sua felicidade, o seu orgulho, e a sua vida.
dias depois ele apareceu morto, ele que não se deu ao trabalho de planejar nem uma boa morte. fechou as janelas, ligou o gás, sentou-se ao lado da escrivaninha, e de lá do 7º andar ficou observando as crianças brincando e sorrindo.
13 comentários:
As palavras nasceram pra vc :)
Nooossa, que triste cara!
Finalmente a historia de algum homem com sentimentos, embora seja dificil pelo fato dos papeis serem na maioria, invertidos né..
Muito trsite, e admito que as vzs tenho vontade de fazer o que ele fez, por já ter sofrido demais..
mais acredito em dias melhores, estes sempre virão!
amei flor!
texto,perfeito.
ela recomeçou, com certeza sofreu muito antes dele decidir ir procurá-la.
mas, porque ele n foi antes?
ele devia saber q ela n ia ficar esperando a vida toda por ele, ninguém fica.=/
Ah...Eu tô muito sei lah.
''memória curta, lembranças distantes.''
a menino que eu gosto sofre desse mal.
e ele podia se matar tbm *-*
HSDJKHJFKLDJFLKSDJ
amei cara.
*:
Cara, tão profundo e ao mesmo tempo tão leve pra alma! Não sei, mas quando li senti um tipo de liberdade sabe :')
Eu amei, amei MTO o seu texto!
Parabééns :*
|7° andar|
Lembrei da música do Los Hermanos. Que conta uma história um pouco parecida.
Muito bacana.
morreu observando as crianças brincando e sorrindo, tudo que ele já não era mais capaz de fazer, não é mesmo?
amei teu texto,mesmo!
;*
Então acho q entendi meio errado o teu texto moça...hehe
E quando eu fico sei lah, é quando n tô triste nem feliz, tô +-...hehe
Ateh hoje n te encontrei no msn!=/
Hum, hum... gostei foi muito também.
nem se compara aos teus textos! *-*
muito bom o seu banner!
e os textos,são perfeitos!
parabens!
shuiahsiahsuhauishauisa
que isso flor!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
aiai..
tenso.
poste mais flor, a proposito, tem post novo no meu!
;*
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