terça-feira, 19 de julho de 2011

eu, sinceramente, não me lembro quando foi que os meus beijos deixaram de ser seus. não me lembro quando foi o nosso último abraço, eu não me lembro de você me avisando que seria. não me lembro quando foi que nos demos às costas. não me lembro quando você saiu pela porta da cozinha e no lugar do seu até logo, me disse adeus. não me lembro quando as músicas pararam de fazer sentido, quando os passeios e o filminhos pararam de ser meu programa predileto. não me lembro quando que me dei conta de que você não estava mais aqui. comigo.
não me lembro ou não aceito? aceitar, hoje, para mim, está mais para uma condição do que para uma ação. aceitar não é o tipo de verbo que você utiliza inconscientemente, como acordar, como lembrar, como sorrir. aceitar requer aprendizado, requer tempo e requer força de vontade. e mesmo que em algumas vezes essas condições sejam satisfeitas, como no meu caso, aceitar ainda continua sendo um grande desafio.
apesar do tempo que já faz, das noites mal dormidas - ora insônia, ora pesadelos - da tentativa de me adaptar à nova rotina que surgiu depois da gente, das repreensões entre uma lembrança e outra eu ainda tenho me esforçado bastante para não te ligar. tudo bem, isso não é segredo para ninguém. se eu te ligasse, talvez, só você se surpreenderia e eu ainda tenho as minhas duvidas. minhas amigas me dizem que foi assim que madalena chorou arrependida. mas é aquela velha história de que a gente só aprende com o nosso próprio erro, sabe, e se madalena pôde, o que me faz pensar que eu não?
falando sério agora - não que antes eu não estivesse - tenho vontade de te dizer que não há mais magoa, que não há mais nada além da falta danada que você está fazendo. não é o fato de estar com você, não, não, não é bem isso. é o de saber de você, de saber se está bem, se está feliz, se encontrou alguém, se me esqueceu ou se ainda se lembrará de mim no momento da ligação. é vontade de te ter de volta, não pra mim, não bem sendo meu, mas para minha vida, sabe? para os meus dias. às vezes, eu acho que se eu te ligasse, que se a gente conversasse, sobre tudo, sabe, sobre nada, eu conseguiria aceitar melhor a ideia de partida, a ideia do ontem nosso, do hoje meu e do amanhã quem sabe.
mas também, depois de tudo... ligar para conversar bobagem, falar nada com nada sendo que tanta coisa ficou para ser dita por todo esse tempo e, no entanto, foi esquecida, ignorada. ignorarei, ignoraremos mais uma vez? não acho uma boa ideia. e para evitar maiores incertezas, acabo não ligando e concordando com a galera que acha que isso seria uma merda e digno de muita repercussão. aí, quem sabe, deixo na mão do destino e a gente se bate por aí. quem acredita mesmo que a gente possa se bater por aí? pois é. e mesmo que se como um tsunami tivéssemos a sorte ou o azar de nos encontrar, com certeza, seria mais frio e mais devastador.
em último caso, opto pelo blog. as verdades esquecidas. minhas verdades, que lembro e relembro e trilembro quando eu quiser, quantas vezes eu quiser, da forma que eu achar mais digna de mim. que fique claro, o blog é meu, o blog é para mim. o que escrevo não devo justificativas a seu ninguém. não me calarei. já disse em postagens anteriores, eu sinto muito - eu sinto mesmo. e para concluir, depois de tanto pensar e depois de tanto sentir, percebo que só entenderei e conseguirei aceitar tudo isso quando, enfim, encontrar o meu equilíbrio. preciso aprender a parar de oscilar entre os dois pólos de mim. quando quente, sou sentimento. quando fria, sou pensamento. e quando só - sem você, aceitando... - sou nada.

3 comentários:

Ana Paula Borges Pereira disse...

Nossa Lua, que bonito! =)
Mas e se...Você ligasse?

-Peqeninaa^^ disse...

Lindoo texto (: |DESCULPA A INVAZÃO|

Mar disse...

Às vezes, aquilo que chamam de ligar por ligar pode trazer surpresas maravilhosas. Porque nunca ligar é por ligar. Há sempre a possibilidade (e por causa dela, a esperança) de que o mundo mude a partir de um simples "oi".
Maravilhoso texto.
Um beijo carinhoso
Lello